28 de mai. de 2012

Todos os Defeitos de uma Pessoa Perfeita



Acho que a vida seria bonita se fosse preto e branco;
como um filme antigo; 
e eu..
não sei dançar; 
não sei dirigir;
tenho medo de altura e vontade de saltar de paraquedas...
amo julho/desprezo dezembro/reveillón me destrói.
Não aprendi a dizer adeus como aquela canção brega;
Olho no espelho e sempre a mesma sensação de não querer ser eu. 
Quero voltar ao começo, mas o começo não começa de novo 
e quando a gente busca/faz um novo começo, ele nunca é novo o suficiente.
Sou ruim com promessas;
Ruim em dobrar roupas;
Tímido com T maiúsculo;
Tímido...
Tímido desorquestradamente.
No final das contas, sei que ninguém em sã consciência ficaria comigo;
...
No final das contas: O que realmente me tira o fôlego?
O que te tira o fôlego?
Aquilo que te alimenta não te destrói? E porque então a mim destrói?
A única maneira de seguir é não estando seguro a respeito de nada;
é duvidar de mim a todo instante;
é o medo do fracasso que me fazendo vencer.
Isso é [clichê];
É o que eu tenho a oferecer.
...Viver...Ah viver...
Aos que buscam a perfeição e terminam só;
Aos que buscam a perfeição e descobrem a  utopia;
Aos que a desprezam e se agarram ao comum, ao óbvio e pagam o preço da rotina.
O mundo...
Você como parte do mundo;
eu.
ela.
Não somos mais um.
Vou vivendo, sonhando, sofrendo, me contendo;
Me perdendo, te dizendo, me repetindo, te enjoando;
Me enfraquecendo, me enjoando...
te enlouqueço, não te esqueço;
te provo, me jogo, me estatelo, te busco;
Não te acho, me afasto e volto e um dia não o farei mais.
Parece que vai ser a qualquer momento e
Parece que nunca vai acontecer.
...
egoísta, pessimista/nunca otimista...
o que irei contar no analista?
e ele, realista, me dirá: Se mate ou supere.
Busque o proibido pra respirar, pois o permitido o está matando.
Ansiedade.
Inquietude.
Sinceridade.
Que seja feita a minha vontade: o silêncio.



















27 de mai. de 2012

Versos Incertos


Versos Incertos e por serem incertos, esperançosos;
Por serem incertos, versos bobos e meus.
Vivi de realidade e em algum momento me senti morto;
Versos incertos, inversos, imersos em saudade...
Tenho tanto amor pra receber e tão pouco pra dar;
Me encontro em pedaços e perdido há tempos;
Já vivi um grande amor e a vida está passando. Já pode morrer:
Realmente não sei que fazer quando sou amado, quando se preucupam comigo
e querem o meu bem;
Parece que sou mais um daqueles que buscam a paz correndo atrás e mendigando
a atenção e carinho dos outros. Ao conseguir, porém, não é exatamente aquilo que querem.
...
O brinco dela ficou aqui no sofá e o seu jeito de dormir me encantou por um algum tempo.

6 de mai. de 2012

Bom dia Suicidas


 'E eu tenho todo o sofrimento causado voltado contra mim; Impossível medir lágrima e dor (aquela dor de fim do mundo);  Não tenho mais chão, não tenho mais céu... Ter o meu coração em pedaços, poderia muito bem reconstruir o teu. Mas minha dor não sara a tua, tu não voltas ao meu amor e convívio e só aumenta a minha dor.’
Era julho e a saudade se tornou  maior  então.
Cortinas em todos os cômodos da casa;
Era domingo e mais um dia de lembranças e mais um dia...
Em seu rosto, a barba de meses; Por dentro, apenas vázio;
Por fora desleixo e um pouco mais de amargura.
Ao que parecia ele ensaiava esse final há tempos e finalmente estava perto.
Sabe quando você não vê sentido na vida?
Sabe quando você não acredita mais no seres humanos?
Chega até a odia-los...
Infelismente não era possível voltar a sua infância onde seus heróis bastavam;
E sua adolescência que era possível ser rebelde sem responsabilidades;
Ser adulto era um sonho; Ser adulto foi a pior coisa que poderia ter-lhe acontecido.
...
Em seu coraÇão...a dor maior do mundo; aquela que doía todos os dias;
Em sua cabeça o pessimismo era como um guia;
Sem porquês, sem a vontade/espera do futuro e apenas com saudade do passado que realmente passara e agora nada relevante parecia ter ficado.
E o que disseram é que tudo foi por causa de um coração partido. Talvez.
...
Maior que o seu oxigênio, só o seu desejo de sufocar;
A dor era uma moldura/A dor não tinha beleza alguma/A dor o vencera.
O nosso anti-herói se rendeu.
Era julho e ele havia decidido por um fim em tudo aquilo. Finalmente teria sua curiosidade satisfeita. O que realmente nos acontece após a morte?
E essa era a única coisa que o fazia sorrir nos últimos tempos.
Ensaiou o que dizer se encontrasse Deus pelo caminho até o céu ou o inferno;
Ficaria frustrado se Deus fosse o da igreja católica;
Esperava encontrar seus heróis em alguma parte do que ele nem sabia o que era.
...
Era julho...
Havia enjoado até da sua inseparável  insônia;
Ela era como uma espécie de morfina que o impedia de descansar;
Ela o fazia sentir e estar de olhos abertos pra sentir a dor de estar vivo.
Passou mais tempos de olhos abertos procurando motivos do que encontrando respostas e as que achou, fez com que tivesse as certezas erradas.
[]Solidão...Sempre solidão. Insônia era o par perfeito pra tal solidão.
Já algum tempo ele vinha tomando remédios para dormir que lhe davam algumas horas de sono e paz e então...Decidiu juntar esses remédios e fazer o último descanso, o último voô.
Aquele que haveria de ser o seu último dia, tinha sido um dia infernal.
Perdeu a hora da faculdade, chegou atrasado no trabalho e ninguém realmente pareceu se importar. Ficou horas no seu lugar favorito. Assistiu um filme qualquer, pois só queria o escuro do cinema, o sabor da pipoca e desligar...
Voltou pra casa, nenhuma ligação na secretária eletrônica, nenhuma mensagem de celular.
[É...Realmente porque continuar se você não faz falta mesmo, não é?]
Fez todas as coisas pela última vez.
Tomou seus remédios não pra dormir, mas pra nunca mais acordar e sorriu e dormiu.

Deixou um último poema no computador que dizia:
'Cortinas...Sonhos;
Uma igreja, um encontro, o primeiro beijo de tantos mais e hoje nenhum;
As madrugadas e as manhãs foram boas;
Tomei chuva por você...
Eu tento não lembrar o que realmente me é impossível esquecer.'

Segundos...
Espírito olha para o corpo, o corpo não retribui.
Todo um filme passa e sem edição.
Espíritos também choram.'
É isso o que acontecia quando as pessoas morriam. Os espíritos saíam dos corpos e ainda ficavam na terra, mas sem poder interferir e naquele instante lhe bateu um arrependimento mais que insuportável e ele mesmo tocou o seu rosto e chorou por horas e horas e horas.

[07:12 da manhã] Porta entreaberta.

Barulhos de batida e era o seu amigo, seu melhor amigo que tinha ido lhe visitar coincidentemente naquela manhã. Viera lhe pedir desculpa pela briga dos dois a alguns meses atrás e quando entrou depois de muito chamar e não ter sucesso, viu-o na cama. Parecia dormir. Profundamente.
Seu amigo o chamou várias, vezes e ao se aproximar e toca-lo, se desesperou.
Ele estava frio, tal como uma manhã de julho.
Chamou a policia e em pouco tempo todos já se aglomeravam a sua porta pra saber o que houve...
E só que se ouvia era: ‘Nossa, mas porque ele fez isso?’
...



Uma semana antes o nosso anti-herói ou vilão como ele mesmo gostava de se auto-intitular decidiu se despedir da vida. Resolveu fazer tudo como se não houvesse amanhã. Realmente ele decidira que em breve não gostaria de ter mais um amanhã.
[...]
Assistiu BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS seguidas vezes. Se via como Joel Barish, queria odiar Clementine Kruczinski, mas só conseguia ama-la.
Entendeu que nada era perfeito e nem precisava ser;
Aprendeu que amores são parte da vida e que a vida não é um ato de amor, mas de rebeldia.
Nos deslumbramos com o que nosso mundo de faz-de-conta pra depois descobrirmos a maldade e passar a ter medo desse mesmo mundo.
Essa é a roda gigante dos nossos dias.
Mas a sua roda gigante parecia ter emperrado na parte baixa da vida...
Nada realmente faz sentido;
Porque boas ações? Porque ser mau? Porque mentir? Porque salvar alguém?
A dor havia lhe roubado os sentidos.
Era como estar em choque.
‘As entradas... do meu rosto e os meus cabelos brancos
 aparecem a cada ano no final do mês de agosto.’
...
Ele viu seus ídolos morrer;
Desejou morrer como eles em uma música suicida do Morrissey;
Esteve em vários lugares apenas pra sentir o que sentiu quando esteve com o seu
 ‘amor, grande amor e maior amor’ e ele esteve em vários lugares.
O lugar do primeiro beijo, dos beijos de noite quando a esperava sair do trabalho e ainda era escondiam o namoro, o lugar das brigas (um quarto) onde tanto foram felizes;
Uma casa de ambos que ela nunca aceitou, que nunca se viu como dona.
Pensou muito sobre como era possível amar tanto alguém e por um momento na vida, ter perdido esse amor em meio a discussões e rotinas e ter estragado tudo.
Porque a gente deixa de amar?
Porque a gente acha que deixou de amar?
Porque as pessoas não nos perdoam?
Porque o Cristo estava de braços abertos e aquela cidade não significava mais nada?
Realmente era tudo por causa de um coração partido.
De amor só o que restou foi dor;
Porque as imagens bonitas existem aos montes, mas uma triste mata pelo menos dez delas;
...
E ele chorou.
...e foi o fim.
De repente o seu espírito se viu em meio de uma multidão de pessoas em volta da sua casa tentando entender o que aconteceu e se viu enjoado com a curiosidade humana.
Em momento algum havia se arrependido do que tinha feito...
Parecia estar vivendo como naquele filme ghost.
 Riu de algumas coisas, se sentiu mal quando seus amigos descobriram sua morte, suícidio. Quis conforta-los, mas não podia interferir com o mundo real e descobriu como era admirado por alguns e ignorado por outros.;
Dia seguinte foi seu velório.
Pouco mais de dez pessoas ali.
Foi então que a décima primeira chegou...
E ali, ele ou o seu espírito desabou. Ela chegou.
Linda, de cabelos nos ombros, vestido e óculos pretos. Retirou os óculos e ali em seus olhos todas as lágrimas de inconformismo, tristeza, dor, saudade, arrependimentos...
Ela chorou por alguns minutos ao lado do seu corpo. Olhava fixamente seus olhos fechados.
E foi embora sem falar com ninguém.
E mais uma vez ele a viu indo embora e dessa vez realmente seria para nunca mais voltar.
Pois não havia mais para o que ou para quem voltar.
Esse foi o fim.
...
Seu espírito (ELE) foi ver o mar e depois de horas lembrando e sentindo viu que não se arrependia.
Viu que a vida realmente o estava matando, ele só finalizou o trabalho;
Os suicidas não herdarão o reino dos céus;  Foda-se o reino dos céus.
Mesmo após a morte não viu deus;
Não viu o diabo;
Não encontrou anjos ou demônios;
Não foi para o purgatório ou ouviu dizer de armagedon.
Era uma alma como sempre fôra, perambulando por ali, por aqui, por toda a parte.
A diferença é que não lhe viam.
Se afastou  definitivamente dos que conheceu em vida;
Pois havia morrido pra ter paz e estancar a dor.
...
Finalmente encontrou a paz.
E sobre o amor?
Morreu em seu coração junto com a morte do seu coração.
E sobre quem amou?
Ela foi feliz e de alguma maneira o fez também feliz.